"Ainda bem que a minha mãe morreu de Jenette Mccurdy
4/5 ⭐⭐⭐⭐
Este livro conta a história de Jennete Mccurdy. De como começou a carreira de atriz que a mãe sonhou para ela, de como começou a ter distúrbios alimentares, de como o que queria e o que pensava eram sempre opostos daquilo que era levada a fazer e dizer, e de principalmente, da sua relação com a mãe enquanto era viva, e depois de morrer.
Quando comecei a ler este livro não sabia que era uma biografia real, nem conhecia a atriz. Não gosto particularmente de biografias, nem muito menos de histórias reais, mas havia alguma coisa na forma da escrita da autora que me fazia ler sempre mais um pouco. É uma história extremamente pesada, mas contada com uma ligeireza e alguma ironia o que torna tudo mais interessante.
Infelizmente este livro é o retrato fiel da maior parte das pessoas que entraram na indústria de Hollywood em crianças, e, por mais estranho que pareça, acredito também que é uma representação (não tão fiel mas que toca em muitos pontos) da maior parte das crianças que nasceram com pais que se recusavam que os filhos crescessem e que depositaram os seus sonhos e crenças neles.
É um livro sufocante na medida em que é uma história contada pelos olhos de uma pessoa que está em negação, e que constantemente desculpa as ações da mãe, porque gosta demasiado dela e é aquela a "sua realidade". Fala também na bulimia da atriz e da sua superação, mas penso que é maioritariamente um livro sobre a descoberta da identidade, de não viver com o constante pensamento de "deixar a família orgulhosa, mesmo que não acredite no que está a fazer". De viver os sonhos dos pais, de ser extremamente protegido ou até manipulado porque a independência é vista como ofensa em vez de crescimento.
É um livro duro? Sim. Se é o meu tipo de livro? Não. Se adorei lê-lo? Sem dúvida.
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